Adjetivo ou advérbio? Eis aí dois importantes elementos que compõem as
chamadas classes gramaticais, mas que, no entanto, em se tratando de
algumas colocações, representam aquelas incorreções que às vezes
cometemos – infringindo, portanto, as leis regidas pela gramática.
Seguindo essa linha de raciocínio, atenhamo-nos ao enunciado:
Discreto, ele saiu da festa.
Quando analisada, tal enunciação nos remete a um questionamento de
cunho relevante: seria “ele” discreto ou seria essa a forma como ele
saiu da festa?
Para responder a essa pergunta, que tal retomarmos o conceito de advérbio?
Esta classe conceitua-se como a palavra que modifica o verbo, o
adjetivo e o próprio advérbio. Dessa forma, o enunciado em questão
necessita ser reformulado, uma vez que, por se tratar da forma como ele
deixou a festa, o correto é o uso do advérbio, e não do adjetivo. Nesse
sentido, temos:
Discretamente, ele deixou a festa.
Sim, haja vista que o advérbio (discretamente) modifica o verbo sair.
Chegamos, então, ao ápice de nossa discussão: quando usamos adjetivo e
quando usamos o advérbio? Conclusão efetivamente comprovada.
Contudo, há alguns casos, porém raros, nos quais o adjetivo pode ser
usado no lugar do advérbio, sem que esse (o advérbio) perca a
qualidade. Mediante tal ocorrência afirmamos se tratar de uma derivação
imprópria – manifestada pela mudança de uma dada classe gramatical para
outra. Assim sendo, vejamo-los:
Bastante conhecida por nós, há uma propaganda de cerveja, a qual nos diz: “A cerveja que desce redondo”.
Redondo, neste caso, é o modo como a cerveja desce.
A princípio poderíamos até pensar que o adjetivo deveria concordar com
o substantivo “cerveja”. Contudo, nesse caso não é a cerveja que desce
redondo, mas sim o modo como ela desce. Logo, constatamos que um
adjetivo faz o papel de advérbio.
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